A agenda sustentável, geralmente identificada pela sigla ESG, é uma preocupação cada vez maior em todos os setores da economia, assim como no poder público e entre a população.
Sendo assim, é compreensível que o ESG na contabilidade ou (ESG contábil) também entre na agenda dos profissionais da área. E é bastante saudável que isso aconteça, já que essa é uma questão essencial para o futuro dos negócios contábeis.
Mas, uma vez que damos esse primeiro passo, surgem uma série de questões. Afinal, o que é ESG na contabilidade? Quais são os pilares do ESG? E como os profissionais de contabilidade podem realmente contribuir para a agenda sustentável?
São essas questões que buscamos responder ao longo deste texto. Nós vamos mostrar que, sim, há muitas oportunidades para todas as empresas contábeis — sejam elas pequenas ou grandes — quando o assunto é ESG.
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Afinal, quais são os três pilares do ESG?
Os três pilares do ESG, no inglês, são environmental, social and governance. Nosso idioma, os três pilares do ESG podem ser traduzidos como sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e governança corporativa. Por isso, a sigla ASG (Ambiental, Social e Governança) acaba sendo usada como um sinônimo de ESG, em português.
Essa explicação é importante porque, quando falamos em ESG, é comum associar esse termo somente à sustentabilidade ambiental, com medidas que visam preservar ou reparar danos ao meio-ambiente. Desse modo, diversas empresas economizam recursos e buscam alternativas mais sustentáveis de consumo e pensam que isso é “ser ESG”.
Por mais que essas medidas sejam importantes — e elogiáveis — elas não são o suficiente. O público, o poder público e os investidores sabem disso. Portanto, é indispensável olhar para o panorama completo, se você realmente quer aplicar o ESG na contabilidade.
Como aplicar o ESG, na prática?
O ESG engloba desde projetos complexos — como empresas que trocam seus fornecedores ou suas embalagens por opções mais sustentáveis — até as questões mais simples, como a diminuição dos resíduos e do consumo. A grande questão é que não se pode pensar apenas em ações isoladas: o ESG deve ser estratégico.
No podcast Educação Financeira do G1, o líder da área de Relações Institucionais da MRV, Raphael Lafetá, explica que o ESG pode estar presente em todas as ações da empresa.
- Na área ambiental, refletir sobre como as atividades da empresa podem gerar menos impacto para o meio-ambiente, seja em questão de resíduos ou consumo de recursos naturais. Aqui, estão inclusas atitudes simples como a redução do uso de plásticos ou de documentos impressos — muito comuns em escritórios de contabilidade.
- Na área social, pensar no que a empresa pode fazer de bom para seus colaboradores, para a região onde está inserida, bem como para seus fornecedores e clientes. Aqui, é possível começar oferecendo benefícios aos funcionários, indo além das exigências da CLT. Outra ideia é criar um projeto de voluntariado para uma causa social.
- Quanto à governança, a empresa deve agir de maneira ética e transparente em todas as suas ações e ter medidas para se certificar disso. Ou seja, divulgar informações e ter comitês para investigar e corrigir eventuais problemas.
A partir disso, cai por terra a ideia de que essa agenda se aplica apenas às grandes empresas. O ESG na contabilidade pode ser aplicado de várias maneiras, mesmo nos negócios menores. Basta pensar nessas três questões: como gerar menos impacto ambiental, como ser melhor para todos os stakeholders e como agir de forma mais ética e transparente nos negócios.
A importância das informações no ESG
Mas é claro que, uma vez que os projetos de ESG estejam implementados, é muito importante manter registros de tudo — e aproveitar isso em prol negócios. Isso vai desde publicações nas redes sociais até relatórios de sustentabilidade e campanhas de marketing para divulgação de resultados. Isso é essencial, inclusive, para que os investimentos em ESG possam continuar.
Nesse sentido, voltamos à afirmação de que o ESG precisa ser estratégico. Isso porque todo projeto precisa começar com dados: você precisa escolher um indicador que deseja melhorar e medir a evolução ao longo do tempo. Por exemplo: se você quer reduzir o uso de energia no escritório, é importante colocar metas para um determinado período.
Além disso, se você não sabe por onde começar, é possível fazer aquilo que os especialistas em ESG chamam de matriz de materialidade. Isto é, analisar todos os impactos da empresa para saber quais são os tópicos de ESG mais sensíveis para o negócio e que, portanto, devem ser priorizados.
Assim, você pode descobrir uma oportunidade até então desconhecida e deixar de investir em ações que, na prática, geram pouco impacto.
Por que aplicar o ESG na contabilidade?
Aplicar o ESG na contabilidade é importante por diversos motivos. Em primeiro lugar, essa é uma exigência da sociedade, que busca manter relações com empresas que se alinhem com seus valores. Essa exigência se relete nas empresas e nos investidores, que também exigem fazer negócios com empresas responsáveis. E há também uma pressão regulatória, com leis cada vez mais duras, especialmente na questão ambiental.
As empresas de capital aberto, por exemplo, já são obrigadas a incluir indicadores de ESG em seus balanços aqui no Brasil.
Felippe Esteves, gerente de ESG da empresa de tecnologia Logicalis, explica que o processo pode ser visto como resultado de um efeito dominó. As empresas dos EUA e Europa, onde a agenda ESG está mais avançada, começaram a exigir essas práticas para seus fornecedores brasileiros. Com isso, a agenda está se disseminando, chegando até nas pequenas e médias empresas que eventualmente fecham negócios com essas grandes corporações.
Assim, nós chegamos no ESG na contabilidade. Se você quer criar contatos e fechar negócios com uma empresa responsável, prepare-se para ser assim também. Felippe conta que precisa preencher vários questionários de sustentabilidade toda semana, para atender às exigências de seus clientes empresariais na América Latina.
Mas além das exigências sociais e da pressão regulatória, a questão é que grandes empresas sabem que é melhor fazer negócios com ESG — afinal, isso diminui os riscos operacionais. No podcast Educação Financeira, a professora da FIA Gleriane Ferreira explica que empresas que praticam o ESG têm menos riscos de passivos trabalhistas, de causar algum dano ambiental e de causar danos para os clientes, gerando marketing negativo e multas. Também há menores riscos de casos de corrupção, assédio ou fraudes, que prejudicam diretamente os negócios.
Qual a contribuição da profissão contábil para em questões ESG?
A profissão contábil pode contribuir muito em questões em ESG com seus conhecimentos — tanto aplicando os pilares do ESG no escritório, como auxiliando os clientes empresarias em seus projetos. O auxílio em questões ESG podem até se tornar serviços do escritório. A seguir, nós trazemos alguns exemplos disso:
- Definição de métricas: Muitos aspectos do ESG, especialmente no pilar governança, passam por dados que estão em posse da contabilidade. Desde balanços financeiros que comprovem a inexistência de fraudes, passando pelo pagamento correto de todos os impostos até a demonstração de investimentos em projetos sociais.
- Estruturação de políticas: Os profissionais de contabilidade, com seu conhecimento dos processos empresariais, podem ajudar as empresas a criar políticas de ESG que também sejam sustentáveis economicamente. Além disso, podem contribuir muito na área de governança, criando políticas de negócio mais transparentes.
- Geração de relatórios: Como dissemos, todas as ações de ESG devem ser registradas e documentadas. A contabilidade pode auxiliar muito nisso, especialmente naquilo que diz respeito aos dados financeiros.
Esses são apenas três exemplos de como você pode aplicar o ESG na contabilidade junto aos seus clientes. Com certeza, você pode pensar em outras ideias, adequados ao tipo de clientes que sua contabilidade atende.
E se você está pensando que não tem tempo para aplicar o ESG na contabilidade, pense bem: os contadores gastam até 14 dias úteis por mês em trabalhos repetitivos — que poderiam ser 100% automatizados com auxílio da tecnologia. O propósito do sistema de gestão de tarefas contábeis Confi é simplificar esses processos.
Assim, quem sabe, sobra mais tempo para você atuar de forma estratégica em seus negócios e aproveitar tendências como o ESG. Caso você se interesse pela ideia, clique aqui para saber mais sobre o sistema.